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Após quedas, técnica cobrou Valieva: "Por que parou de lutar?"

Treinadora Eteri Tutberidze não poupou tom crítico após patinadora de 15 anos ir ao chão

Por MS da Hora em 18/02/2022 às 09:47:12

O choro de Kamila Valieva ainda na pista não comoveu a técnica Eteri Tutberidze. Logo após terminar sua apresentação e acabar fora do pódio nas Olimpíadas de Inverno, a patinadora russa, de apenas 15 anos e em meio a uma investigação por doping, foi duramente cobrada pela treinadora.

- Por que você deixou para lá? Explica para mim, por que? Por que parou de lutar? Você deixou para lá depois daquele axel (movimento). Por que? - cobrou a treinadora, flagrada pelas câmeras após apresentação.

A atitude foi criticada por Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ele afirmou ter ficado "muito perturbado" após assistir às quedas de Kamila Valieva na patinação artística. O dirigente atacou o que chamou de "atmosfera arrepiante" no entorno da estrela russa. Na final, apesar do favoritismo, a patinadora caiu duas vezes e acabou em quarto lugar nas Olimpíadas de Inverno.

- Fiquei muito perturbado ontem quando assisti à competição na televisão. Eu vi o quão alta deve ter sido a pressão sobre ela. Essa pressão está além da minha imaginação. Em particular para uma menina de 15 anos, vê-la lutando no gelo, vendo como ela tenta se recompor novamente e terminar seu programa. Você podia ver na linguagem corporal, isso foi um imenso estresse mental. Talvez ela preferisse deixar o gelo e deixar a história para trás – afirmou.

Bach criticou o tratamento que Valieva recebeu de seus técnicos após a prova.

- Ela foi recebida por sua comitiva, mas o que parecia ser uma tremenda frieza, foi arrepiante ver isso. Em vez de tentar ajudá-la, você podia sentir essa atmosfera arrepiante, essa distância. Se você interpreta a linguagem corporal, fica ainda pior. Tudo isso não me dá muita confiança na comitiva de Kamila em relação ao passado nem em relação ao futuro. Como lidar, como tratar atletas menores de 15 anos sob tanto estresse mental. Só posso desejar para Kamila Valieva que ela tenha o apoio de sua família, de amigos, de pessoas que a ajudem nessa situação extremamente difícil – afirmou.

As palavras de Bach não foram bem aceitas na Rússia. Dmitry Chernyshenko, vice-primeiro-ministro do país, afirmou que Bach criou "sua própria narrativa fictícia" dos atletas.

- Estamos profundamente desapontados ao ver um presidente do COI tecer sua própria narrativa ficcional sobre os sentimentos de nossos atletas e depois apresentá-los publicamente como a voz do COI. Isso é francamente inadequado e errado. Todo mundo reconhece as Olimpíadas como o auge do esporte profissional, e cada atleta carrega as esperanças e sonhos de toda a sua nação para o seu sucesso. Essa é uma pressão conhecida, e também é o que os impulsiona para a frente, com espírito de luta. Ganhando ou perdendo, sabemos que nossos atletas são campeões mundiais, e eles também - disse Chernyshenko, que foi presidente e chefe-executivo dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi.

Kamila Valieva não conseguiu corresponder às expectativas e ficou fora do pódio na patinação. Anna Shcherbakova, outra atleta do Comitê Olímpico Russo, se sagrou campeã olímpica (255.95). A compatriota Alexandra Trusova, dona da nota mais alta do programa livre (177.13), conquistou a prata (251.73) - e não ficou muito feliz com isso. A japonesa Kaori Sakamoto levou o bronze (233.13)

Os jornais russos RBC e Kommersant - na tarde de quarta-feira 9, dois dias após a equipe do ROC conquistar o ouro - informaram que a estrela adolescente da patinação Kamila Valieva teria sido pega no exame antidoping com a substância trimetazidina (trimetazidine), um medicamento para angina que tem função vasodilatadora.

No mesmo dia, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu adiar a cerimônia de entrega de medalha na patinação artística feminina. Sem dar detalhes, o porta-voz da entidade afirmou que o atraso atendia a um pedido formal da Federação Internacional de Patinação.

Passados dois dias desde que a suspeita de doping havia estampado os jornais, a Agência Internacional de Testagem (ITA, na sigla em inglês) confirmou o doping da patinadora russa na sexta-feira 11. Valieva testou positivo em 25 de dezembro, em teste feito durante o Campeonato Russo de Patinação Artística. A contraprova feita com a mesma amostra, em 8 de fevereiro, também deu positivo para trimetazidina.

Apesar do resultado, a Agência Antidoping da Rússia (Rusada) retirou a suspensão preventiva da atleta. A ITA, em nome do COI, decidiu recorrer na Corte Arbitral do Esporte (CAS) contra a decisão. Os Estados Unidos, segundos colocados na prova por equipes, atrás do ROC, ameaçaram processar os russos envolvidos no caso. Pelo fato de Valieva ser menor de idade, a Rusada iniciou uma investigação sobre a equipe da patinadora. Segundo a agência russa, o objetivo da investigação é identificar todas as circunstâncias de uma possível violação da regra antidoping no interesse de uma "pessoa protegida".

No sábado 12, a técnica da patinadora, Eteri Tutberidze, admitiu que a situação era "muito controversa e difícil", mas reforçou que a atleta é inocente. No mesmo dia, a Rusada soltou um comunicado oficial dizendo que o laboratório sueco responsável pelas análises teria demorado para dar os resultados por conta do surto da variante Ômicron da Covid-19.

Na segunda-feira, o caso ganhou novo episódio, com a liberação autorizada pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) para que Valieva possa competir na prova individual. A decisão foi tomada após uma reunião de mais de seis horas.A defesa alega que uma contaminação com um remédio do avô foi responsável pelo resultado positivo no antidoping da patinadora nas Olimpíadas de Pequim ..

Fonte: G1

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